Metanol: entenda como é o plano do governo para combater casos de intoxicação por substância

Foto: José Cruz / Agência Brasil / CP

Durante coletiva à imprensa na manhã desta terça, 30 de setembro, em Brasília (DF), o governo do Brasil detalhou um plano de ação federal diante dos casos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, situação detectada no estado de São Paulo. Até o momento, três pessoas já morreram por conta do problema.

A primeira providência foi a abertura de inquérito pela Polícia Federal, determinada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), para apurar a procedência do metanol e investigar uma possível rede de distribuição ilícita entre estados. Paralelamente, a Secretaria Nacional do Consumidor instaurou inquérito administrativo para acompanhar as ocorrências e avaliar medidas adicionais relativas à proteção dos consumidores.

Já o Ministério da Saúde determinou que todas as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) realizem a notificação imediata de casos suspeitos de intoxicação exógena por metanol. Uma nota técnica será publicada ainda nesta terça-feira, reforçando as orientações aos profissionais de saúde, em especial da rede de urgência e emergência, sobre protocolos de atendimento e registro.

A atuação federal envolve ainda ampliar o volume de alertas com orientações aos Procons de todo o país e enviar notas técnicas a estabelecimentos que comercializam as bebidas.

Participaram da coletiva os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Alexandre Padilha (Saúde) e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, além de secretários das pastas.

Novo padrão

Lewandowski explicou que os casos recentes em São Paulo apresentam padrão inédito e diverso aos que eram, até então, registrados. As ocorrências de intoxicação por metanol estavam, majoritariamente, associadas a pessoas em extrema vulnerabilidade ou em situação de rua, a partir de ingestão de álcool adulterado.

Porém, a partir de setembro, pacientes intoxicados apresentaram histórico de ingestão de bebidas destiladas em cenas sociais de consumo alcoólico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky e vodka.

Providências

“Desde sexta-feira estamos acompanhando isso com mais intensidade e temos o nosso sistema de alerta rápido, criado em fevereiro deste ano, para detectar, em todo o país, novas drogas, além das que tradicionalmente são conhecidas pela população, como maconha, cocaína, heroína e crack. É detectada a natureza da droga e imediatamente o sistema emite a informação nacionalmente, sobretudo para a rede de saúde pública, para que providências sejam tomadas para prevenir e tratar sintomas da ingestão desses tóxicos”, explicou Lewandowski.

Investigação

Diante do ineditismo da situação, o MJSP considera a possibilidade de existirem casos ainda não notificados, que seguem sob investigação e aguardam confirmação laboratorial.

Lewandowski lembrou que a Secretaria de Defesa do Consumidor emitiu nota técnica para todos os estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas para que adotem os cuidados necessários para evitar novas intoxicações. “É essencial o cuidado para que possamos tomar outras providências no sentido de identificar a origem e o âmbito de distribuição deste produto”, disse Lewandowski.

Saúde

O ministro Alexandre Padilha explicou que todas as unidades de saúde, em especial a rede de urgência e emergência, devem seguir o protocolo de notificação para casos suspeitos. Segundo ele, está sendo registrado um número atípico de notificações de casos suspeitos de intoxicação por metanol, destoante do registrado na série histórica, o que desperta um alerta no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Temos, na nossa série histórica, cerca de 20 casos por ano de intoxicação por metanol, notificados pelos profissionais de saúde e enviados ao nosso Sistema Nacional. Para se ter ideia, a partir de setembro se notificou quase metade daquilo que se notificou ao longo de um ano”.

Orientação – Padilha reforçou que a secretaria estadual de saúde é a responsável pelo atendimento dos casos e sublinhou a necessidade de fortalecer todas as unidades, com orientação e treinamento.

“Temos uma parceria funcionando muito bem com a coordenação epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, com a Vigilância da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, mas também com o conjunto das secretarias estaduais e municipais de todo o país. Fazemos o alerta em relação a isso e para que profissionais conheçam os sistemas de vigilância e conheçam o protocolo do para intoxicações exógenas, que fornece detalhadamente o conjunto das ações”.

Fonte: CORREIO DO POVO