A Prefeitura de Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, adquiriu cestas básicas para atender os afetados pelas enchentes a preços muito acima do mercado. Os valores chegam a 2.500% mais caros do que os praticados em estabelecimentos comerciais comuns.
De acordo com informações, a administração municipal comprou produtos da distribuidora Cestas Básicas Rio Grande, totalizando R$ 491 mil em despesas. Porém, ao comparar os preços pagos pela prefeitura com os praticados em supermercados, fica evidente a disparidade.
Um dos exemplos é o açúcar refinado, que foi adquirido por R$ 27,89 o quilo, enquanto o valor no mercado é de aproximadamente R$ 6,30, representando uma diferença de 442%. Outro caso alarmante é o sachê de molho de tomate, que teve um acréscimo de 11 vezes no preço, passando de R$ 1,50 para R$ 16,89.
Para comprovar a discrepância, realizou-se a compra dos mesmos itens de uma cesta básica adquirida pela prefeitura em um hipermercado, totalizando apenas R$ 111,28, em contraste com os R$ 240 pagos pelo Executivo.
Diante da situação, representantes da prefeitura e da empresa fornecedora apresentaram versões distintas para justificar as diferenças nos valores. Enquanto a prefeitura mencionou possíveis erros ou má conduta nos procedimentos de compra, a empresa alegou ter enfrentado preços elevados devido à situação de calamidade no estado.
No entanto, especialistas destacam que, mesmo diante de contingências como a calamidade, os aumentos de preço não se justificam quando comparados com valores praticados no mesmo período. Isso levanta questionamentos sobre a transparência e lisura nos processos de aquisição.
Diante das denúncias, a prefeitura de Cachoeirinha anunciou a abertura de um processo interno para análise das compras realizadas, suspendendo temporariamente os pagamentos à empresa até a conclusão da investigação. O caso segue em apuração, com a promessa de medidas legais caso sejam identificadas irregularidades.