
Nos últimos dias, o Rio Grande do Sul tem enfrentado uma das piores crises humanitárias de sua história recente. Os temporais e as cheias devastaram comunidades inteiras, deixando um rastro de destruição e forçando milhares de pessoas a abandonarem suas casas em busca de segurança.
Até a última quarta-feira (22), o estado contabilizava incríveis 68,3 mil pessoas vivendo em abrigos. Para se ter uma ideia do impacto desse número, ele é equivalente à população inteira de Venâncio Aires, uma das cidades mais afetadas pelo desastre. E esse é apenas um retrato parcial da situação, pois o censo realizado pela Secretaria do Desenvolvimento Social do RS aponta que, no auge da crise, esse número chegou a 74,1 mil deslocados.
Entre os abrigados, há uma diversidade de perfis: adultos, crianças, idosos e pessoas com deficiência, somando um total de quase 76,2 mil indivíduos. Gestantes, mães de recém-nascidos, indígenas, quilombolas e imigrantes também estão entre os acolhidos, mostrando a amplitude e a complexidade dessa crise.
A solidariedade tem sido fundamental nesse momento difícil. Mais de 800 abrigos foram disponibilizados em 88 municípios do RS, incluindo escolas que abriram suas portas para receber quem precisava de ajuda. Canoas se destaca nesse cenário, sendo o município que mais acolhe pessoas sem abrigo, com 22,5 mil indivíduos recebendo assistência.
Apesar dos esforços, a situação ainda é desafiadora. Muitos desses abrigos dependem de caminhões-pipa, poços e estações móveis para garantir o acesso à água, e nem todos possuem cozinhas para preparar alimentos. Além disso, há quase 600 mil pessoas desalojadas, que encontraram abrigo temporário na casa de parentes ou amigos.